terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Grécia

 


A Grécia, como Portugal, é um país demasiado endividado.
Mas o activo, contrapartida desse passivo, parece muito diferente entre os dois países (estou a usar linguagem empresarial porque me é difícil discutir dívida fora do contexto de um balanço – que é obrigatório para as empresas mas não está disponível para os países).
De facto, em Portugal construímos estradas e pontes fantásticas, telecomunicações de topo, a rede Multibanco, a Via Verde, casas novas de qualidade, espaços e equipamentos urbanos do melhor que há (p.ex a margem do Tejo em Lisboa; estádios de futebol novos).
Na Grécia o activo é mais difícil de encontrar: as estradas e ruas continuam degradadas e sujas; a construção é velha e de má qualidade… Com excepção do novo e fabuloso museu da Acrópole, não se percebe para onde foi o dinheiro. É preciso atenção e algum tempo para começar a notar…
… Está no pulso da classe média. Um Rolex é o mínimo aceitável para qualquer licenciado com poucos anos de experiência numa boa empresa. Os quadros de direcção vêem as horas em Vacheron.
… Passa a alta velocidade e estaciona nos parques dos melhores restaurantes junto ao mar – repletos de Porsche; Bentley; Ferrari, etc.
… Flutua ao largo de Mykonos enquanto os proprietários se divertem em férias de praia, num festim de luxo e consumo que paralisa Atenas no Verão.
Aparentemente os gregos consumiram o crédito que lhes foi concedido e agora sobra muito pouco: a memória da festa e uma ressaca que vai demorar a passar.
Não quero com isto dizer que teremos menores dificuldades no futuro. O problema de ambos os países tem mais semelhanças que diferenças: reside num passivo excessivo para a produtividade dos activos…
… E entre a produtividade de uma montanha de Rolex e de uma autoestrada SEM carros – venha o diabo e escolha.

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